Olá, Amigo!
1. Edmundo Rodrigues
Ao alto, o Mestre Edmundo Rodrigues em 3 momentos distintos; abaixo, trecho de sua obra "Como Começar a Desenhar", de 1963-65.
Já escrevi sobre ele aqui no blog (confira a postagem clicando aqui). Foi talvez meu primeiro professor de desenho. Quando tinha lá meus dez ou onze anos, meu pai me presenteou com um livro da Ediouro, o sensacional "Como começar a desenhar" de Edmundo Rodrigues, livro de desenho repleto de tutoriais com construções passo a passo. Como contei anteriormente, foi nesta puplicação que aprendi a necessidade do esboço para um melhor domínio da habilidade de desenhar. Também percebi a simplicidade dos traços e formas que podem construir qualquer coisa que sua imaginação possa criar.
Em setembro de 2012, aos 77 anos, Manuel Edmundo Botelho Rodrigues nos deixou, mas a sua arte permanece.
A Ediouro ainda existe. Mas este livro, bem como uma infinidade de outros títulos com tutoriais de arte, já não faz mais parte do catálogo. Com um pouco de sorte você ainda pode encontrar alguns exemplares em sebos e em sites que trabalham com essas edições fora de catálogo, como o site "Estante Virtual". (clique aqui).
Além da minha postagem que linkei acima, no início desse item, você pode conhecer um pouco do trabalho do mestre Paraense no site "Guia dos Quadrinhos" (clique aqui) e também em uma postagem que resgata bastante de sua biografia no blog "Bengalas Boys Club" (confira aqui), num relato emocionado de Tony Fernandes, dos Estúdios Pégasus, em São Paulo.
2. Daniel Azulay
Daniel Azulay, seus personagens e o mestre em ação na TV, nos anos 1980, e mais recentemente na internet
Sou de uma geração criada em parte em frente a TV. Minha geração é beeem anterior a chegada das TVs pagas - quem dirá da internet e dos streamings. Naqueles tempos de programação barata e de gosto duvidoso das tvs abertas - o que não está muito diferente da tv aberta atual, parando para pensar direitinho - e de conteúdo parcialmente filtrado pela censura oficial, antes da reabertura política no país, haviam alguns oasis na programação infantil, em especial na antiga RTC (Radio e Televisão Cultura, atual TV Cultura), com jóias como Bambalalão e a Turma do Lambe-Lambe, que alguns poucos anos mais tarde migrou para a TV Bandeirantes. A Turma do Lambe-Lambe era um programa com jogos interativos ("aponte com a ponta do dedo" e o famoso "Pincel Mágico" que revelava um desenho com várias dicas usando uma pintura em Chroma Key), esquetes de humor com atores fantasiados dos personagens da Turma (Professor Pirajá, Chicória, Pita, Damiana e outros), mas principalmente com tutoriais "Maker" (numa época em que esse termo nem existia e os Art Attack da Disney não era nem sonho) para fabricação de brinquedos de sucata (despertando consciências ecológicas em crianças) e lições simples de desenho de construção, tudo isso retirado da mente fértil do quadrinista criador dessa turminha, o inigualável Daniel Azulay.
A melhor fonte de informação é o site oficial DanielAzulay.com.br, mas tembém tem muita coisa curiosa fazendo uma busca pela internet, como o trecho de programa que encontrei no YouTube, no canal Gravinadigital, que posto logo abaixo:
Trecho do programa "Turma do Lambe-Lambe" na TV, nos anos 1980
Encontrei também um resumo biográfico bacana no site ArteCult, com texto de Vanderley Sadrak, cheio de curiosidades sobre o Mestre. (Clique aqui)
Em março de 2020, aos 72 anos, Daniel Azulay também nos deixou, mas assim como Edmundo Rodrigues - talvez até mais, pois seu legado é mais conhecido - sua arte também permanece.
3. Juarez Machado
Juarez Machado hoje, uma de suas obras e caracterizado para uma de suas esquetes no Fantástico, nos anos 1970.
Outro nome que remonta à minha infância e meus primeiros contatos com a arte é Juarez Machado. Artista plástico, pintor, escultor, desenhista, caricaturista, mímico, designer, cenógrafo, escritor, fotógrafo e ator, com vasta e premiadíssima carreira no mundo das artes. Meu contato com o trabalho dele, foi nas esquetes dominicais no programa "Fantástico", da Tv Globo, num quadro onde esbanjava criatividade interagindo com suas obras através da mímica e dos efeitos especiais de edição de video disponíveis na época. Você pode encontrar muitos desses quadros no site Globo.com. Deixo como exemplo aqui essa esquete de 1978, que encontrei no YouTube, no canal "Tevê With Lasers".
Clássica sketch de Juarez Machado no Fantástico, em 02 de julho de 1978. Direitos reservados às Organizações Globo.
Saiba um pouco de sua trajetória e conheça suas principais obras no site "Guia das Artes" (Clique aqui).
4. Elifas Andreato
As obras "Natal na Favela" e "Boneca no Barraco", o artista em ação e algumas das inúmeras capas de disco que criou.
Muito famoso pelas inúmeras capas antológicas de discos brasileiros, como as de Nervos de Aço (1973), de Paulinho da Viola, Canta Canta, Minha Gente (1974), de Martinho da Vila, o último álbum de Adoniran Barbosa (1980), e a série formada por Ópera do Malandro (1979), Vida (1980), Almanaque (1981) e En Español (1982), todos de Chico Buarque, dentre tantos outros, o artista plástico e gráfico paranaense Elifas Andreato também reside na minha memória afetiva por uma série de capas de caderno universitário, na década de 1980... já não lembro mais se da Tilibra ou da coleção Imagem & Mensagem. Mas a imagem de Obras clássicas do mestre como "Natal na Favela" e "Boneca no Barraco" carregaram minhas anotações de Português, Matemática, História e outras disciplinas durante o meu Ensino Fundamental 2, que na época era chamado de Primeiro Grau ou Ginásio. Sua aquarelas delicadas, com retoques de lápis de cor, evidenciavam o traço em suas pinturas.
Morreu em 2022 aos 76 anos, mas continua sendo um dos maiores artistas brasileiros contemporâneos.
Existe vasto material sobre ele na internet, mas a melhor coletânea de obras e biografia se encontra no site "Elifas Andreato: Um artista Brasileiro" (Clique aqui)
5. Aylton Thomaz
Aylton Thomaz nos anos 1960, seu livro "Desenho Cômico - Curso Completo", de onde retirei os exemplos de ilustração mostrados acima
Grata supresa, mas ainda meio triste, após 15 anos que publiquei algo sobre esse mestre - para ver minha publicação de 2008, clique aqui - hoje há um pouco mais de material sobre esse grande desenhista e pintor brasileiro. Curiosamente, morreu aos 74 anos em 2009, no ano seguinte à minha publicação. Portanto o que se vê hoje é talvez meio que um resgate bem tímido de parte da sua importante carreira, iniciando nos quadrinhos de terror na EBAL nos anos 1950 e migrando para pintura nos anos 1970. Em 1991, ganhou o Prêmio Angelo Agostini de "mestre do quadrinho nacional", que tem como objetivo premiar artistas que tenham se dedicado aos quadrinhos brasileiros por pelo menos 25 anos. Infelizmente não há páginas com galeria de imagens do talentoso artista. Hoje há um WIKI com poucas informações. Quando se faz busca no Google sobre "Aylton Thomaz obras" aparecem algumas poucas pinturas em sites de galerias e leilões. Conheci o trabalho do Aylton Thomaz do mesmo jeito que o do Edmundo Rodrigues: através das maravilhosas publicações de livros de arte da Ediouro. Após ver o filho "devorar" o livro de Rodrigues, meu pai, em outra ocasião, me presenteou com o livro "Desenho Cômico - Curso Completo", de Thomaz, onde aprimorei minha técnica latente de fazer caricaturas e movimentação de personagens com várias lições do livro. Reitero mais uma vez que esse material está fora de catálogo e só é possível encontrar algo garimpando em sebos.
Abraço!
Fabio Vicente