quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

Inteligência Artificial nas artes: Já parou para pensar?

quinta-feira, 15 de dezembro de 2022 0

 Olá, Amigo!

Triste. É o inicio do fim.

Mais ou menos um mês atrás fiquei espantado com a publicação de um livro inteiramente ilustrado por inteligência artificial. Com a explosão de sites e apps usando Inteligência Artificial para criação de pequenas artes e avatares as pessoas começaram a tomar ciência do alcance dessa tecnologia. "Ah, Fabio... uma máquina jamais vai substituir o sentimento de um artista... jamais fará uma Monalisa ou uma 5ª Sinfonia!" Pode até ser... Mas já produz numa qualidade razoável em tempo mais rápido e mais barato que a arte tradicional. É necessário impor limites, antes que a previsão da banda Plebe Rude, em "Bravo Mundo Novo", se confirme: "Na primeira revolução industrial a máquina substitui o trabalho braçal/ Na segunda revolução industrial a máquina substitui o trabalho mental".

Sobrevivemos ao surgimento da máquina fotográfica: revolucionamos o modo de se ver e representar o mundo inventando a abstração. As máquinas estão dando o troco: com inteligência artificial é só uma questão de tempo para usar todo nosso conhecimento pré e pós abstração para substituir o trabalho criativo.

O "Deus Mercado" vai vencer essa batalha, barateando os custos do trabalho criativo artístico?

Parece meio alarmista essa minha preocupação... mas estou realmente preocupado onde essa tendência - que já caiu no gosto popular - irá nos levar. A Trend da semana passada foi um festival de famosos postando retratos "artísticos" feitos por Inteligência Artificial. PAGOS. Isto é, tem alguém, que provavelmente nunca apontou um HB pra fazer um esboço na vida, que já está ganhando um bom dinheiro com isso. Pra mim, esse processo de substituição de mão de obra já começou.

Uma mudança de paradigma da sociedade pode até ocorrer algum dia, tipo a substituição de um capitalismo predatório por uma sociedade onde a produção seja feita por máquinas e a as pessoas sejam remuneradas para apenas viver livremente... mas até lá a tecnologia já se estabeleceu e as atuais relações leoninas de trabalho já deterioradas vão produzir, sim, estragos em pouco tempo. Não há como frear a tecnologia, por isso é preciso legislação e ética. Sonho com um mundo melhor, mas infelizmente esse mundo ainda não chegou.

Sob um  determinado aspecto, no que tange ao trabalho braçal, por exemplo, é até compreensível essa substituição... tirar o ser humano de atividades de risco ou que ocasionem danos por repetição, sejam físicos ou mentais. Mas a lógica capitalista sempre empurra um passo além... tipo "Até onde posso colocar máquinas pra aumentar minha margem de lucro?" A Inteligência Artificial já está substituindo postos de trabalho no Telemarketing e nos SACs. A triste constatação é ver essa mesma lógica predatória aplicada a atividades intelectuais.

Há quem defenda o uso dessa tecnologia, argumentando que as máquinas apenas estão tomando nossa arte como ponto de partida, como referência, assim como nós artistas também o fazemos. Contudo, o que temos visto são cópias de estilos, referências literais, diretas... tudo isso utilizado sem permissão ou sem citação de referência, ferindo direitos autorais, e iniciando uma substituição silenciosa da mão de obra... Uma trilha incidental ou um jingle pode não ter a importância cultural de um música autoral, um livro 100% ilustrado por IA pode ser apenas uma curiosidade. Essa produção massiva não é propriamente uma produção com status de Obras de Arte... mas é a base do sustento do artista na nossa sociedade.

Levando ao limite: as ferramentas de IA vão se tornar excelentes copistas? Vão superar a fase da cópia e começar a criar trabalhos inéditos? Vão misturar estilos e chegarão a criar obras superiores? Ainda não temos essas respostas. E mesmo colocando os pés no chão, vislumbrando apenas o panorama atual: os empregadores... vão continuar contratando artistas analógicos para produção em massa (que é o grosso dos rendimentos do artista), se uma máquina consegue um nível razoável de qualidade em menos tempo e com custos menores?

Essas reflexões têm movido muitos artistas que estão se expressando com a hashtag #SAYNOTOAIART nas redes sociais nesta semana.

Qual é sua opinião sobre isso?

Fabio Vicente

 
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